12 abril 2020

Páscoa em contingência


Hoje é Domingo de Páscoa.
O sol cedo se instalou, radioso e ameno, dando o seu contributo à solene celebração da Ressurreição de Cristo.
Os foguetes há muito que ribombam, lançados por mãos madrugadoras, anunciando a festa e alertando para o compasso que se prepara para sair.
As sinetas, sacudidas por jovens e hábeis mãos, vão se fazendo ouvir ao longe e anunciam a caminhada da visita pascal. A intensidade da sonoridade dá conta da sua aproximação e o frenesim das pessoas que se postam na esquina da rua augura a sua iminente chegada.
Os moradores estão preparados. Abertas as portas das casas e atapetadas de flores e ramos verdes as suas soleiras; ainda há tempo para que numa ou noutra janela se estenda a colcha mais bonita.
Os homens conversam na rua, animados e felizes, ciosos da importância e da solenidade da ocasião, mantendo a tradição de receberem a cruz com a melhor indumentária do guarda-fatos, enquanto as mulheres vão participando naquele colóquio de boa vizinhança, com a atenção postada no fogão e no assado.
O compasso chega e logo sai. Há tempo para uma breve oração e a passagem de Cristo na cruz por todos os elementos da família, enquanto o padre benze o lar e as pessoas.
Segue-se o convívio familiar em preparação para o repasto pascal.
Hoje é Domingo de Páscoa, é verdade. Tudo o resto é fantasia minha.