Vivemos numa época que tem as
portas escancaradas à crítica fácil e indiscriminada, muitas das vezes
infundada e que coloca em causa o que se faz ou não faz, o que se tem ou
deveria ter, o que se diz ou não diz. Esta atitude, por vezes irrefletida, fruto,
dizemos nós, do instinto natural do nosso povo para a maledicência, é quase
sempre pensada e reveste uma forma insidiosa, lesiva do bom nome de pessoas e
instituições.
É no futebol e na política, áreas
onde a emotividade e a paixão das pessoas mais se manifestam, que esta forma de
atuar tem o preferido campo de ação.
Da tradicional e suave má-língua dos cafés e dos bancos de
jardim, que não ia para além das fronteiras da sua rua ou bairro, passou-se ao
cruel hábito, agora de maior abrangência, de, através das redes sociais e
acobardados em anonimatos e pseudo-identidades, injuriarem e até caluniarem tudo e todos,
norteados por segundas intenções e conhecidos interesses.
Os jornais e as televisões,
outrora paladinos do rigor informativo, deixaram também eles cair esse
princípio básico e histórico da sua razão de ser, transformando-se em órgãos da
delação, muitas das vezes gratuita, com o mero objetivo de aumentarem as vendas
e as audiências.
Fazem-nos sentir e acreditar que estamos no pior dos mundos, quando, historicamente se verifica que a nossa sociedade nunca viveu com tanta abastança e liberdade e também nunca foi tão regulada como a dos dias de hoje.
Fazem-nos sentir e acreditar que estamos no pior dos mundos, quando, historicamente se verifica que a nossa sociedade nunca viveu com tanta abastança e liberdade e também nunca foi tão regulada como a dos dias de hoje.
Vem isto a propósito dum episódio
que presenciei recentemente, revelador de que ainda há pessoas que contrariam
este tique de maldizer:
Num café citadino que
esporadicamente frequento, um casal jovem preparava-se para pagar o serviço,
quando o elemento feminino se dirigiu à responsável pelo estabelecimento
manifestando a sua satisfação e congratulando-a pelo asseio patente nas casas
de banho. Partilho da mesma opinião, mas mal habituado a tais modéstias e
reconhecimentos, confesso que fiquei surpreendido. Imagino quão gratificante
foi para aquela mulher receber um elogio à sua forma de trabalhar e estar.

