A rapariga juntou-se à
conversa. Nunca a tinha visto, mas era conhecida e vizinha da pessoa que estava
comigo.
O à vontade no falar
era demonstrativo do denodo com que enfrentava a vida e o seu otimismo levava-a
a abordar os problemas com a convicção da sua limitada temporalidade e na
certeza de que para cada um acabaria por chegar uma solução. Com paciência e
sem ansiedade.
A simplicidade do
vestir associava-se à naturalidade corporal, próprio dos simples, sem contudo
lhe prejudicar a simpatia nem as qualidades físicas.
Era jovem na idade,
madura no pensar. Acabou por dizer que tinha 26 anos, mãe solteira de uma menina
de 6.
Foi-se embora sem lhe
saber o nome.
A segunda parte da
história é um decalque das muitas peripécias ficcionadas que nos atolam o
imaginário, mas que merece narração por ser real.
Vim a saber logo de
seguida, que o relacionamento com o outrora companheiro terminou por vontade e
iniciativa dela, sem contudo se perceberem os motivos do desenlace, mas que é
do conhecimento público a dedicação e o carinho que o pai, entretanto emigrado
em França, tem dado à filha.
Também é do
conhecimento geral que a irmã da rapariga foi tentar a vida para além dos
Pirenéus, mas poucos sabem quem a apoiou na sua integração local. Pois! Foi o
seu ex-futuro cunhado, com quem aliás passou a viver, e junto do qual se sente
muito bem e feliz.
A família não esconde
o incómodo da situação, mas não subestima o benefício, mormente para a criança,
que a aproximação do pai traz.
O futuro, creio eu,
mostrará também um imbróglio parental.

