01 fevereiro 2015

Mãe solteira

A rapariga juntou-se à conversa. Nunca a tinha visto, mas era conhecida e vizinha da pessoa que estava comigo.
O à vontade no falar era demonstrativo do denodo com que enfrentava a vida e o seu otimismo levava-a a abordar os problemas com a convicção da sua limitada temporalidade e na certeza de que para cada um acabaria por chegar uma solução. Com paciência e sem ansiedade.
A simplicidade do vestir associava-se à naturalidade corporal, próprio dos simples, sem contudo lhe prejudicar a simpatia nem as qualidades físicas.
Era jovem na idade, madura no pensar. Acabou por dizer que tinha 26 anos, mãe solteira de uma menina de 6.
Foi-se embora sem lhe saber o nome.

A segunda parte da história é um decalque das muitas peripécias ficcionadas que nos atolam o imaginário, mas que merece narração por ser real.
Vim a saber logo de seguida, que o relacionamento com o outrora companheiro terminou por vontade e iniciativa dela, sem contudo se perceberem os motivos do desenlace, mas que é do conhecimento público a dedicação e o carinho que o pai, entretanto emigrado em França, tem dado à filha.
Também é do conhecimento geral que a irmã da rapariga foi tentar a vida para além dos Pirenéus, mas poucos sabem quem a apoiou na sua integração local. Pois! Foi o seu ex-futuro cunhado, com quem aliás passou a viver, e junto do qual se sente muito bem e feliz.
A família não esconde o incómodo da situação, mas não subestima o benefício, mormente para a criança, que a aproximação do pai traz.

O futuro, creio eu, mostrará também um imbróglio parental.